domingo, 6 de dezembro de 2009

RELATÓRIO DA OFICINA 03 - TP 2 - 1ª PARTE

“Difícil não é arranjar ideias, mas fugir das antigas.”
Jonh Maynard Keynes

O NOVO

O anseio...
A vontade de aprender,
O excesso de perguntas
E, às vezes, de silêncio.
O medo do novo assustador.
A resistência,
O conflito,
As decepções diante do inexplicável.
A desorganização dos antigos conceitos.
O surgimento de novas perguntas...
A insistência,
O cansaço,
A reclamação,
As RESPOSTAS...
Organizam-se as idéias,
Entende-se a proposta.
Agora, sim!
Podemos partir para um novo mundo
Recheado de conhecimentos diferentes.
Telma Medeiros

No dia 07/11/2009, nos reunimos para realizar a oficina correspondente às unidades 5 e 6 da TP 2, que teve como objetivo caracterizar a gramática interna, a descritiva e a normativa e o ensino produtivo, reflexivo e prescritivo e conceituar e identificar frases. Nessa oficina tratamos dos seguintes temas: Unidade 5. Gramática e seus vários sentidos. Seção 1: A gramática interna e o ensino produtivo. Seção 2: A gramática descritiva e o ensino reflexivo. Seção 3: A gramática normativa e o ensino prescritivo. Unidade 6. A frase e sua organização. Seção 1: O que é frase. Seção 2: O período e a oração. Seção 3: As várias possibilidades de organização da frase e do período.
Iniciamos com a reflexão sobre a necessidade de renovação, a busca do novo, a adequação aos novos tempos. Propus aos cursistas reflexões sobre a gramática e seus vários sentidos. Análise linguística – um novo olhar, um outro objeto. Aula de português - um espaço de conflito. Análise linguística, afinal o que é mesmo?
Percebi que houve uma certa inquietação, pois nosso grupo é formado tanto por professores que já atuam há 15, 20 anos na educação e professores que estão iniciando a carreira agora. Percebi que dentro do grupo havia uma certa divergência quanto às concepções de ensino de gramática.
Mal começamos as discussões, surgiram muitos questionamentos e inquietações. Pedi então ao ilustre convidado do dia, mestre no assunto, para nos conceder uma entrevista e fazer-nos alguns esclarecimentos. Já dá para imaginar que estou falando de Marcos Bagno. Muitos professores ainda não o conheciam, então os apresentei e ele logo começou a falar, o que veio apimentar ainda mais a discussão.
Logo surgiu a pergunta que já virou jargão entre os profissionais da área. Gramática: é ou não é para ensinar? Ao que ele respondeu:
- Se for para ensinar gramática como mera repetição da doutrina tradicional, anacrônica e encharcada de preconceitos sociais, definitivamente não é para ensinar gramática. Se “ensinar gramática” for entendido como decoreba de nomenclatura sem nenhum objetivo claro e relevante, análise sintática de frases descontextualizadas e às vezes até ridículas, definitivamente não é para ensinar gr amática.
É um crime, em todos os sentidos da palavra, desperdiçar o espaço-tempo da sala de aula — rarefeito e, portanto, precioso num país de tradição educacional paupérrima como o nosso — com “aulas de gramática”, “análise sintática”, “classificação dos termos da oração”, com questões bizantinas e surrealistas como a da suposta distinção entre “adjunto adnominal” e “complemento nominal”, com a perpetuação de um mito como o da existência da “passiva sintética”, com a transmissão de noções nebulosas como a de uma “norma culta” rigidamente fixada pelos séculos, amém...”
Este foi o ponto chave para derrubar velhos paradigmas, mitos e inverdades em torno do ensino da gramática. Apresentei o texto “Equívocos e Inverdade”, também de Marcos Bagno. Esse momento foi primordial para evidenciar a mudança na prática de muitos cursistas que no final da oficina relataram estarem totalmente equivocados quanto ao ensino da língua. Foram momentos tensos, porém de fundamental importância para provocar a reflexão e gerar a mudança necessária que tanto almejamos.
Essa oficina teve um caráter bastante teórico e reflexivo, especialmente por perceber que ainda há muitas divergências entre professores da área. Era necessário que todos compreendessem que o GESTAR prioriza e defende o ensino da gramática reflexiva contextualizada com a vida, objetivando ao falante ampliar o uso da linguagem nos diversos contextos. E principalmente mostrar para os professores que a forma como eles aprenderam língua teve uma funcionalidade em um outro contexto e que, hoje, muito já não se aplica mais, devido ao caráter dinâmico e evolutivo da língua.
Apresentei os slides sobre como deve ser o trabalho do professor na perspectiva da análise linguística. Procurei evidenciar as diferenças entre ensino da gramática e análise linguística. Depois deste riquíssimo estudo, realizamos a leitura circular no “Ampliando nossas Referências”, que veio complementar os nossos estudos. Os cursistas fizeram seus questionamentos sobre a visão e aplicação da gramática em sala de aula. Os professores relataram o “Avançando na Prática”, suas experiências. Muitos cursistas, em seus relatos, já incorporaram em suas falas aspectos das discussões realizadas anteriormente dando conta de que muitos aspectos que não deram certo ao fazer a transposição didática poderiam ter dado se aplicados de uma forma diferenciada. Fiz muitas interferências e sugeri novas práticas, sempre evidenciando que é preciso garantir ao aluno a liberdade de expressão linguística. E que é preciso desaprender, reaprender e depois ensinar de forma contextualizada com a vida, apoiados em argumentos de ordem pragmática, cultural e social.
Fizemos um breve comentário sobre a Unidade 6. Interagimos sobre as melhores maneiras de trabalhar o assunto frase, e sua organização, mas realmente a oficina, foi voltada para a Unidade 5 que era o ponto crucial e fundamental devido à necessidade, à angústia e à inquietação dos cursistas.
Finalizamos a oficina com a avaliação do trabalho do dia. Passei algumas orientações e discutimos sobre o livro com as produções textuais dos alunos que brevemente pretendemos publicar, a busca de patrocínio, etc. Comentei sobre os portfólios e a importância dos registros reflexivos.

Edinília Nascimento Cruz – Professora Formadora no Município de Itacarambi

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