Planejamento+ Escrita+
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Edição
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Edição Relendo a leitura na escola: A formação de leitores
O significado do trabalho com a leitura, planejamento, produção e reestruturação de textos na escola: a (re) construção do sujeito-autor.
A oficina do Gestar, realizada no dia 26 de setembro, ocorreu de forma muito especial, dinâmica e reflexiva. Tratamos de assuntos extremamente relevantes, como a produção textual e a formação de leitores, assuntos estes que têm sido o foco de discussão de muitos professores e estudiosos. Essa oficina foi planejada tendo como ponto de chegada:
- apresentar elementos de reflexão e estratégias relacionados ao planejamento de textos.- Identificar estratégias que podem ser utilizadas para o planejamento e a escrita de textos.
- Desenvolver atividades de planejamento e escrita, considerando a construção e revisão textual.- Identificar parâmetros de avaliação e ações necessárias ao desenvolvimento da etapa de revisão.- Identificar os elementos necessários ao desenvolvimento da etapa de edição.- Produzir atividades de revisão e de edição da escrita para seus alunos.
- Desenvolver práticas de leitura eficientes para o trabalho com o letramento literário.
Iniciamos a oficina com um momento motivacional por meio da dinâmica “O livro da vida”, no qual cada cursista foi desafiado a refletir sobre sua própria vida a partir do seguinte questionamento: “Se você tivesse o poder de escrever uma página no livro de sua vida, o que escreveria?” Ao som da música Paciência, de Lenine, os professores refletiram, escreveram e socializaram seus projetos de vida futuros. Foi um momento especial, pois refletimos também sobre a seguinte indagação: “O que estou fazendo por meus alunos e o que eu posso fazer melhor ainda?”
Após este momento, iniciamos nossos trabalhos sobre produção textual, planejamento, revisão e edição. O nosso primeiro assunto foi o planejamento e realizamos a dinâmica do “Camelo” para que os professores pudessem vivenciar e refletir sobre a necessidade do planejamento.
É importante lembrar, no entanto, que um bom planejamento possibilita o desenvolvimento e o aprendizado do aluno em direção à sua autonomia. Ficou claro nas colocações dos professores que o desenvolvimento de atividade que propicie ao aluno planejar a escrita dos seus textos ainda não é uma prática efetiva em sala de aula. Enfatizei a necessidade de se fazer um trabalho permanente que possibilite ao aluno passar por todas as etapas necessárias, para que se efetive uma boa produção textual e perceber que não há uma linearidade, pois estão interligadas. Podemos ensinar nossos alunos que durante a escrita podemos planejar novamente e revisar o que escrevemos, dialogando com o texto, fazendo perguntas ao seu texto “O que eu disse até agora? O que estou tentando dizer? Será que eu gosto do que escrevi? O que é tão bom aqui, que eu possa entender? O que não é bom que eu possa arrumar? Como meu texto soa? Como parece? O que meu leitor ou leitora pensará, quando ler isto? Que indagações poderão fazer? O que observarão? Sentirão? Pensarão? E o que farei a seguir?”
Apresentei os slides e abri uma discussão sobre a importância do ato de reestruturação de textos. Essa prática é tão fundamental, pois provoca o diálogo do sujeito-autor com o seu produto-criado, possibilitando um relacionamento mais interativo com seu próprio texto (confrontamento, aguçamento e exclusão de enunciados). O aluno sai, ao reescrever, do estágio emocional (inspirativo), que gera a primeira escrita, e passa ao estágio de maior racionalização sobre o que foi materializado. Um dos motivos importantes para a reestruturação de textos acontecer é o fato de que só aprendemos a escrever quando escrevemos, assim como só aprendemos a ler quando lemos, segundo reforça Rocha (2002: 144-145), quando afirma que “o indivíduo só passará a dominar a escrita se houver uma prática efetiva desta atividade”.
O aluno, no momento que recebe seu texto para refazer, antes de assumir a posição de reescritor, assume a de sujeito-leitor de sua própria produção e, assim, se configuram os vários papéis e posições que ele vai assumindo diante de seu próprio texto.
LEITURA, LITERATURA E FORMAÇÃO DE LEITORES
...”ninguém se torna leitor por um ato de obediência, ninguém nasce gostando de leitura. A influência dos adultos como referência é bastante importante na medida em que são vistos lendo ou escrevendo.”
Kriegl
Após essas discussões, passamos para o segundo momento - unidade 24 – “Literatura para adolescentes”. Pedi que cada professor relatasse sobre as práticas que utilizam para desenvolver leitura literária em sala de aula e posteriormente contrapor com a teoria e analisar quais são consideradas adequadas e inadequadas para, a partir de então, rever e buscar formas mais inovadoras para desenvolver o trabalho com a leitura.
Uma grande parcela de professores de Língua Portuguesa enfrenta dificuldades para desenvolver os hábitos da leitura em seus alunos. Tenho pesquisado constantemente sobre este tema - leitura e formação de leitores - e sua importância decisiva para o exercício efetivo da cidadania. A escola é um dos espaços privilegiados para a formação de leitores. Todavia, a escola não vem atendendo, quer às expectativas, quer às demandas sociais atuais. Apesar da multiplicidade de fatores envolvidos, as evidências tomadas para justificar essa situação quase sempre transitam numa via de relevância indiscutível: a da não proficiência leitora. No modelo vigente de ensino, as relações que estruturam as práticas pedagógicas definem a sala de aula como um espaço singular para a constituição de leitores.
Para teorizar nossas discussões, pautamo-nos nas leituras sugeridas e nos textos da TP. Após o estudo da TP em grupo, abrimos uma calorosa discussão que teve um envolvimento e a participação bastante efetiva de todos os cursistas. Enfatizamos a seção 3 - Existem boas formas de explorar a literatura na escola? Colocamos em pauta alguns questionamentos:
Hora de refletir...
Ø Qual o valor da literatura?
Ø Qual é a sua função social?
Ø Vocês concordam com a crença de que literatura não se ensina, basta a simples leitura das obras, como se faz ordinariamente fora da escola?
Ø Como vocês selecionam os textos literários?
Ø Como construir uma comunidade de leitores?
Ø Por que há leitores que leem com prazer?
Ø O que devemos fazer para que a leitura se torne um hábito para toda a vida ou, melhor ainda, uma paixão?
O pressuposto de que para formar leitores é preciso constituir-se leitor nos guiou na direção de uma experiência que passou a integrar a dinâmica de trabalho. O Gestar nos abre novas possibilidades e novos voos orientados pelo desejo comum de promover a leitura e a formação de leitores.
Quando movido por curiosidade, pelo desejo de crescer, o homem se renova constantemente, tornando-se cada dia mais apto a estar no mundo, capaz de compreender até as entrelinhas daquilo que ouve e vê, do sistema em que está inserido. Assim, tem ampliada sua visão de mundo e seu horizonte de expectativas. Desse modo, a leitura se configura como um poderoso e essencial instrumento libertário para a sobrevivência do homem.
Há entretanto, uma condição para que a leitura seja de fato prazerosa e válida: o desejo do leitor. Como afirma Daniel Pennac, "o verbo ler não suporta o imperativo". Quando transformada em obrigação, a leitura se resume a simples enfado. Para suscitar esse desejo e garantir o prazer da leitura, Pennac prescreve alguns direitos do leitor, como o de escolher o que quer ler, o de reler, o de ler em qualquer lugar, ou, até mesmo, o de não ler. Respeitados esses direitos, o leitor, da mesma forma, passa a respeitar e valorizar a leitura. Está criado, então, um vínculo indissociável. A leitura passa a ser um ímã que atrai e prende o leitor, numa relação de amor da qual ele, por sua vez, não deseja desprender-se.
É preciso ficar claro entre os profissionais da educação que a leitura como via de inclusão social e de melhoria para a sua formação ocorre em um processo de construção e reconstrução do conhecimento em espaços de disseminação de leitura como a escola e a biblioteca. Bibliotecário e professor são elementos de mediação das fontes de informação. Muitos professores relataram a precariedade das bibliotecas e até mesmo escolas que ainda não dispõem de uma biblioteca. É preciso urgentemente intensificar as ações de incentivo à leitura.
Os resultados evidenciam: a necessidade de planejamento da leitura para promoção do resgate da cidadania devolve a auto-estima dos nossos educandos e desenvolve um olhar crítico, possibilitando formar uma sociedade consciente. Para falar em Educação como instrumento de ação reflexiva, é preciso falar da importância da leitura na Educação. Importante porque a leitura como instrumento proporciona melhoria da condição social e humana. Então observar, analisar e procurar entender o mundo e interagir têm, através da leitura, um caminho para a promoção do desenvolvimento de competências na medida em que os conhecimentos vão sendo absorvidos e se amplia gradativamente a produção cultural da humanidade.
Realizamos uma dinâmica de leitura que proporcionou um momento de descontração entre os cursistas. O resultado foi fantástico e todos puderam experimentar e vivenciar na prática uma das possíveis formas de instigar e motivar o aluno para a leitura.
Apresentei aos cursistas os gráficos elaborados a partir dos resultados e mapeamento da Avaliação Diagnóstica do Gestar aplicada na semana anterior. E por fim, fizemos um momento de avaliação da TP 6, e da oficina e cada cursista produziu um texto estabelecendo uma relação com um dos provérbios apresentados por meio do gênero de sua escolha. Finalizei com a mensagem “A Cachoeira” e nos despedimos com uma sensação de que os objetivos propostos foram plenamente atingidos.