terça-feira, 13 de outubro de 2009

R E L A T Ó R I O – TP 1 - 11. 10. 2009





O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer (Albert Einstein)







R E L A T Ó R I O – TP 1 - 11. 10. 2009

Linguagem e Cultura





O objetivo da escola, no que diz respeito à língua, é formar cidadãos capazes de se exprimir de modo adequado e competente, oralmente e por escrito, para que possam se inserir de pleno direito na sociedade e ajudar na construção e na transformação dessa sociedade.
(Marcos Bagno)



Cada encontro do Gestar II tem tido um significado único para nós e este encontro não foi diferente, apesar do cansaço visível dos cursistas, após uma semana intensa de trabalho. O encontro foi produtivo e gratificante e foi o momento propício para discutir e rever questões sobre as variantes linguísticas, dialetos e registros no processo ensino aprendizagem.

Discutir, refletir e ampliar nossos conhecimentos sobre variantes linguísticas é sempre bem-vindo no sentido de buscar formas cada vez mais significativas para desfazer equívocos e produzir aprendizagem mais eficiente em nossos alunos.

Iniciamos o encontro com a reflexão da mensagem “A Montanha” estabelecendo um paralelo com o Gestar. Ao escalar, pois, uma montanha precisamos estar com disposição e equipados de todas as ferramentas necessárias para garantir nossa segurança. No Gestar não é diferente, a TP é nossa ferramenta e traz uma infinidade de propostas e possibilidades de uso.

A comparação é válida à medida que em ambos o caminho para atingir o objetivo é feito passo a passo. No Gestar seguimos a nossa escalada silenciosa e, de encontro em encontro, com muito esforço e determinação estamos reescrevendo a educação em nossa escola, em nosso município. Os resultados são gradativos, porém estão chegando pouco a pouco quase que imperceptivelmente aos olhos dos que de fora olham com indiferença.

O ensino da Língua Portuguesa necessita de atenção especial. O objetivo do Gestar é oferecer as mais diversas ferramentas e mecanismos para que, de fato, possamos alcançar a meta do ensino da Língua Portuguesa, que é proporcionar ao aluno o domínio da variedade linguística padrão. E não se chega a esse objetivo sem trilhar vários caminhos e um deles é o caminho das variedades linguísticas, pois revelam a história, as práticas culturais. É preciso banir qualquer tipo de preconceito linguístico e trabalhar a língua em sua multiplicidade de uso, em todas as suas possibilidades.

A condição básica para se aprender este tópico “Variação linguística no português brasileiro” reside muito mais no papel da escola, na sua “coragem” de, sem perder de vista o objetivo prioritário quanto ao ensino de língua materna, desenvolver a competência comunicativa dos usuários da língua – falante, escritor / ouvinte, leitor – nas diversas situações de uso e abrir a discussão sobre a pluralidade de discursos e sobre uma das dimensões dessa pluralidade: as variedades linguísticas.

Para iniciarmos os trabalhos dessa oficina, propus a seguinte reflexão:

§Estou por acaso inserido no grupo daqueles que desejam regras gramaticais nas aulas de português?
§Estou valorizando demais a norma culta sem dar oportunidade às variações linguísticas existentes na nossa língua?
§ Respeito meu aluno, sua cultura, seu dialeto, sua realidade?
§Estou possibilitando aos meus alunos o acesso à norma culta de forma reflexiva?

Após esse momento, iniciamos nossas discussões teóricas acerca do tema em questão:

Unidade 1 - Variantes linguísticas: dialetos e registros.
Unidade 2 - Variantes linguísticas: desfazendo equívocos.

“A língua é, ao mesmo tempo, a melhor expressão da cultura e um forte elemento de sua transformação. A língua tem o mesmo caráter dinâmico da cultura.”

Apresentei os slides com os pontos mais importantes da TP e juntos dialogamos com os teóricos de modo a estabelecer uma relação entre a teoria e a prática que estamos utilizando em sala de aula. Alguns professores se manifestaram relatando situações de vivência de preconceito linguístico entre os próprios alunos. O primeiro passo que o professor poderá dar para banir esse tipo de preconceito é transformando o espaço de ensino de língua em um espaço de reflexão e reconhecimento dos diversos dialetos por meio de textos variados. Para fortalecer e ilustrar nossas discussões, apresentei os vídeos: Quixeramobim, Chico Bento no Shopping, Preconceito Linguístico.

Após as discussões, os professores relataram suas experiências com aplicação do Avançando na Prática e as atividades da AA.A professora Luciene relatou uma experiência com uma atividade da AA - aula 5, A Propaganda, em que o resultado foi positivo e satisfatório. Os alunos puderam analisar a transformação da língua no tempo e ao mesmo tempo transpor esse texto para o contexto atual. A professora Cássia relatou não ter tido sucesso com o trabalho realizado com a leitura dramatizada, pois os alunos demonstraram-se tímidos, mas propôs-se reaplicar a atividade com uma nova abordagem. Também como formadora desenvolvi a leitura dramatizada com meus alunos no 9º ano e o resultado foi muito gratificante. (Vejam vídeo postado).

Alguns cursistas não conseguiram aplicar essa dinâmica devido ao fato de estarem finalizando ainda atividades da TP anterior e outros estarem aplicando as provas bimestrais. Houve também um espaço para os relatos das atividades da TP6 que ficaram pendentes e aproveitei esse momento para enfatizar que os assuntos abordados ao longo das TPs precisam ser amarrados dentro de uma sequência didática para que não fiquem fragmentados. É possível trabalhar planejamento, produção, revisão e variedades linguísticas dentro de uma mesma atividade, desde que seja bem planejado pelo professor.

Na sequência, propus aos cursistas a leitura dramatizada dos textos: Retrato de Velho, Ciúme, O Bem Amado, Conta de Novo, O Caso do Vestido, Sexa. O resultado do trabalho foi positivo, pois os professores puderam vivenciar na prática uma proposta de trabalho a ser realizada com os alunos, para que possam perceber os dialetos textualmente e se posicionar do ponto de vista de diversos personagens, refletir sobre os diversos dialetos. Cada grupo expôs uma análise do texto dramatizado apontando sobretudo os aspectos das variedades linguísticas.

Para essa oficina preparei várias atividades, mas infelizmente não houve tempo para realizar todas. Havia preparado uma proposta de produção de texto explorando os vários dialetos, uma atividade com a música a Triste Partida. Porém, expliquei como realizá-la e sugeri aos professores como atividade para os alunos.

No final da oficina conversei sobre o andamento dos projetos e sobre o próximo encontro, fizemos alguns combinados e propus a avaliação da oficina por meio da dinâmica das cores, na qual cada professor deveria responder o seguinte questionamento: -De que cor você pintaria o dia de hoje? E responder por meio de um gênero. E assim, finalizamos nosso encontro.