Relatório da Oficina extra sobre avaliação
“O ato de ensinar implica uma ação comunicadora e recíproca.”
Avaliar é dialogar
Avaliar é olhar
“Todo ponto de vista é a vista de um ponto. Para entender como alguém lê, é necessário saber como são seus olhos e qual é a sua visão de mundo. Isso faz da leitura sempre uma releitura. A cabeça pensa a partir de onde os pés pisam. Para compreender, é essencial conhecer o lugar de quem olha. [...]”
Leonardo Boff
Em seguida, passamos então a refletir e discutir sobre quais passos a seguir diante dos resultados em mãos. Sabemos que só os resultados não bastam. Sabemos que há muito a melhorar, mas ao mesmo tempo constatamos que nosso trabalho já está produzindo frutos. Ressaltei para os cursistas que simplesmente saber se o aluno vai mal não basta. O que fazer diante dos resultados? Como devo interferir na realidade da sala de aula? Por onde devo começar? Como devo agir? Procurei ao longo de nossas discussões sobre a avaliação apontar caminhos e juntos discutimos as melhores formas de proceder.
Orientei os professores sobre alguns pontos pertinentes para o sucesso do processo avaliativo. Retornar com as provas corrigidas para sala de aula e trabalhar a prova com os alunos de modo que os alunos saibam o que erraram, por que erraram, e o que ainda precisam aprender. Enfatizei a importância de trabalhar os descritores em que os alunos foram críticos, com um novo olhar. Apresentei a mensagem “Educar o Olhar”, de Rubem Alves, e discutimos sobre o redirecionamento de nossa prática com base naquilo que não teve um resultado esperado.
Sabemos que o processo avaliativo parte do pressuposto de que se defrontar com dificuldades é inerente ao ato de aprender. Assim, o diagnóstico de dificuldades e facilidades deve ser compreendido, não como um veredicto que irá culpar ou absolver o aluno, mas sim como uma análise da situação escolar atual do aluno, em função das condições de ensino que estão sendo oferecidas. Nestes termos, são questões típicas de avaliações:
- Que problemas o aluno vem enfrentando?
- Por que não conseguiu alcançar determinados objetivos?
- Qual o processo de aprendizagem desenvolvido?
- Quais os resultados significativos produzidos pelo aluno?
Sabendo-se que o processo avaliativo é elemento indissociável do trabalho pedagógico na escola, como ajudar o aluno a desenvolver competências e habilidades sem que esse trabalho pedagógico fique reduzido ao um “treinamento” para sua participação nas avaliações externas?
Lembramos que evoluir em avaliação é acompanhar o ser humano integralmente. É ouvir, ver, sentir, tocar, relacionar-se. Então, falei sobre a questão da ética, de tomar o cuidado para que esse momento seja tranquilo e acolhedor para o aluno.
Para embasar nossas discussões, apresentei alguns slides sobre o que os estudiosos e pensadores dizem sobre a avaliação.
Avaliar é???
Para Jussara Hoffmann: - “A avaliação é reflexão transformada em ação. Ação essa que nos impulsiona para novas reflexões. Reflexão permanente do educador sobre a realidade, e acompanhamento, passo a passo do educando, na sua trajetória de construção de conhecimento.” (p.18)
Para Perrenoud (1999): - “Na avaliação da aprendizagem, o professor não deve permitir que os resultados das provas periódicas, geralmente de caráter classificatório, sejam supervalorizados em detrimento de suas observações diárias, de caráter diagnóstico.”
Para Lukesi: - “Avaliar é o ato de diagnosticar uma experiência, tendo em vista reorientá-la para produzir o melhor resultado possível; por isso, não é classificatória, nem seletiva, ao contrário, é diagnóstica e inclusiva.”
Segundo Demo (2000), o erro não é um corpo estranho, uma falha na aprendizagem. Ele é essencial, é parte do processo. Ninguém aprende sem errar. O homem tem uma estrutura cerebral ligada ao erro, é intrínseco ao saber-pensar, à capacidade de avaliar e refinar, por acerto ou erro, até chegar a uma aproximação final. Os erros e dúvidas dos alunos são considerados episódios significativos e impulsionadores da ação educativa.
Para consolidar as discussões sobre avaliação como prática de inclusão e investigação, enfatizei para os professores sobre a importância em tratar o aluno com respeito em todo o processo, de tal modo que sua autoestima, motivação, reputação e oportunidades de crescimento sejam protegidos. A informação deve ser equilibrada mostrando aspectos de sucesso, potencial, dados e dificuldades, para consolidar sucessos e corrigir dificuldades, evitando conflitos e, se ocorrerem, resolvê-los com honestidade e respeito.
Diante de todo esse trabalho, quero ressaltar o esforço da Secretária Municipal de Educação, Eliane Lanfernine, em viabilizar os recursos necessários para reprodução das provas. Quero ressaltar o trabalho e o empenho valioso da Supervisora do Gestar, Gisa, e da Técnica em Educação, Araci, na reprodução e organização das provas. A aplicação dessas provas oportunizou para todos nós inseridos no Gestar, professores e alunos, a oportunidade de redirecionar o olhar para o aprendizado dos alunos.
Debatemos também sobre a importância de garantir que a avaliação deve ser prática, prudente e diplomática, obtendo a informação sem perturbar o aluno, conduzida com negociação e participação dos alunos, familiares e outros, assegurando cooperação e respeitando tempo e recursos necessários para ter sucesso em sua realização.
Para finalizar, quero registrar o sucesso do nosso trabalho que se deu graças ao empenho e compromisso de todos os envolvidos, especialmente dos professores cursistas, que não mediram esforços e se entregaram de corpo e alma em todas as etapas. Em síntese, estamos avançando em nossa prática, superando barreiras aproveitando recursos, correndo riscos, sendo bem-sucedidos.