segunda-feira, 3 de maio de 2010


ARTIGO DE OPINIÃO

COMO ANDA A PRÁTICA DA LEITURA EM NOSSA CIDADE?

Neste bimestre lemos, discutimos, refletimos realizamos algumas atividades relacionadas com a prática da leitura. Fomos para a rua, bibliotecas e realizamos pesquisas, entrevistas, produzimos textos diversificados sobre a importância do ato de ler. A professora de Língua Portuguesa Edinília Nascimento Cruz nos propôs fazer um levantamento para sabermos se os jovens e estudantes de Itacarambi desenvolvem a leitura de forma satisfatória. Primeiro, a professora trabalhou em sala de aula sobre o gênero textual reportagem e possibilitou-nos o acesso a textos que tratavam dessa temática da leitura para uma reflexão sobre o tema. Fomos questionados e direcionados sobre como está nossa prática de leitura.

A partir desse debate inicial, discutimos e vivenciamos, como também descobrimos que nossa relação com a leitura ainda é um caso muito complicado, porque nem todas as pessoas gostam de ler, mas, com o incentivo de professores, bibliotecárias e outras pessoas, podemos aprender a gostar de ler. Temos convicção de que ainda não fazemos uso satisfatório da leitura e que ainda lemos por obrigação. Na pesquisa que realizamos detectamos situações críticas de alunos que se declaram “não gostarem de ler” e infelizmente é uma realidade aqui em nossa escola, em nossa cidade e a pesquisa comprovou isso.

Em entrevista com professores do 1º ao 9º anos, todos declaram desenvolver atividades de incentivo à leitura, como levar os alunos à biblioteca, realizar seminário, concurso de leitura, encenação de peças teatrais de obras lidas. No entanto, quando entrevistamos os alunos de muitos desses professores, a maior parte confessou não gostar de ler, ou ler por obrigação ou por nota. O que está acontecendo então?

Sabemos que ninguém passa a gostar de ler de um dia para o outro, só porque o professor pediu para pegar o livro na biblioteca para ler, valendo ponto. Para adquirirmos mesmo prazer pela leitura, necessitamos de atividades bem diversificadas e contínuas com o apoio de todos que nos rodeiam: da bibliotecária, dos nossos pais, dos professores de todas as disciplinas. Em nossa escola somente os professores de Literatura e Português demonstram preocupação em desenvolver atividades de incentivo à leitura.

Durante a pesquisa, foram entrevistados alguns bibliotecários e alguns nos receberam muito bem, outros se recusaram, demonstraram má vontade em responder as perguntas. Aqui na Escola Adélia Antônia temos boas bibliotecárias que não se enquadram no perfil citado acima. Porém concluímos que ainda há muito a melhorar na biblioteca para ser um lugar convidativo, de incentivo para que o aluno vá ali por iniciativa própria. Muitos alunos declaram procurar a biblioteca somente para pesquisar e, nesse caso, a leitura literária fica em segundo plano.
Estamos empenhados a melhorar o nosso nível e a praticar mais a leitura, pois temos plena consciência de que a leitura nos deixará mais informados, críticos, reflexivos e participativos. Estamos buscando um caminho e contamos com o apoio de todos que sonham com um mundo melhor em que os jovens e adolescentes, especialmente de nossa escola e de nossa cidade, saiam da escuridão da falta de leitura para um mundo mais alegre, divertido, em que a imaginação possa fluir plenamente.

Texto produzido coletivamente pelos alunos do 9º ano Verde, com base em depoimentos e opiniões e dos dados da pesquisa realizada com pais, professores e bibliotecários.

“Os livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas", dizia o poeta Mário Quintana.

Quem descobre prazer numa obra literária nunca mais para de ler. Quando chega ao fim de um livro, já está motivado para abrir o próximo. E só tem a ganhar com isso. O papel da escola é fundamental nesse processo. E quem melhor que o professor para despertar em seus alunos o prazer da leitura? São muitas as atividades que podem ser desenvolvidas em sala de aula com esse objetivo.

O ato de ler só passará a fazer parte da vida de uma pessoa quando ela descobre a paixão pela leitura, quando de fato ela consegue fazer a travessia do mundo da escuridão para o mundo da luz, da magia. Então por que todos os alunos têm a liberdade para viajar para o mundo encantado da leitura e poucos conseguem fazer isso? A resposta é simples, porque ainda não sentiram o inusitado gosto e sabor da leitura. Alguns até já experimentaram, porém não descobriram o segredo, não encontraram a chave.
Não descobrimos a 'fórmula' exata para desenvolver e criar o interesse pelo universo das leituras, mas, o que podemos e devemos fazer como incentivo fundamental é apresentar o ‘valor’ triunfante que a leitura traz para as pessoas que dela fazem uso e o seu progresso na abertura de 'portas' para um futuro eficaz e próspero na vida do cidadão que lê. É muito importante que esse hábito pelas leituras chegue às salas de aula com grande influência familiar, pois, quando enraizado o incentivo no contexto familiar, fica mais fácil para o professor, criar ofertas múltiplas e instigantes, proporcionando, desse modo, uma imersão no mundo da leitura e oferecendo condições para que ela se torne, efetivamente, uma prática intertextual na vida dos alunos.
BOA LEITURA
Ednília

O QUE É LER?

Ler é uma experiência única para cada um, e cada um a interpreta como deseja, de acordo com suas experiências e vivências. Fazemos leituras diárias de acordo com as necessidades que a vida nos impõe. Assim, lemos por prazer, lemos para obter informação, e ainda há os que leem por obrigação. O mundo de hoje nos exige leituras, leituras diversas e variadas. Ler nesse mundo cercado de texto é quase como respirar. Então, por que muitos não gostam de ler?

Durante este período escolar refleti intensamente com meus alunos sobre a ausência da prática de leitura e a resistência de muitos quando o assunto é ler. Muitas opiniões, desabafos e questionamentos surgiram. Essas opiniões serviram como um importante suporte de reflexão para a importância que a leitura desempenha no nosso dia-a-dia e também no processo de ensino/aprendizagem.

Diante do baixo índice de leitura de nossos alunos e da difícil tarefa de formar leitores, nem tudo é escuridão, há sempre novas possibilidades e novos caminhos. Sabemos que a não prática da leitura de nossos alunos em boa parte está relacionada com a maneira que a leitura foi introduzida na vida desses alunos. Muitas vezes a experiência ocorreu de uma forma frustrada sem suscitar o desejo, as emoções e os sentimentos. O que podemos fazer é tentar percorrer o caminho inverso, fazer da prática algo que de fato venha suscitar o desejo de os adolescentes terem um verdadeiro encontro com a leitura. A leitura é fundamental para aguçar a imaginação e o poder de argumentação, atributos básicos que permitem uma vida melhor, produtiva e, sobretudo, participativa.

Edinília Nascimento Cruz

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

ARTiGO: PLANEJANDO UM CAMINHO POSSÍVEL DIANTE DO CONTRADITÓRIO



“Educação é isso: o processo pelo qual nossos corpos vão ficando iguais às palavras que nos ensinam. Eu não sou eu: eu sou as palavras que os outros plantaram em mim.”
(Rubem Alves)

A cada ano paramos para elaborar o planejamento e uma sensação muito forte começa a evidenciar dentro nós, “a certeza de que já havíamos vivenciado tal situação”, e a descrença de que tudo que estamos fazendo parece ainda ser insuficiente diante da realidade que vivemos. Em 2009 nos desdobramos, tentamos, inovamos, recriamos e, por fim, nos deparamos com uma imensa barreira que a todo custo insistia em nos cercar.

Em muitos momentos sentimo-nos sozinhos em nossa caminhada, desamparados e isso nos enfraquece. Diante de tantos equívocos há uma pergunta que não cala: A real finalidade de um planejamento não é garantir que todos aprendam? Na real situação em que a escola está organizada, isso está longe de se tornar realidade. Há muitas mudanças que precisam ser efetuadas, pois enquanto houver pessoas no meio educacional que não priorizam a aprendizagem dos alunos, não haverá essa educação teoricamente tão bela em nosso país como expressa na nossa LDB, já que na prática o que se vê são alunos violentados em seu direito de ter direito de aprender. O que dizer do óbvio que não é óbvio?

Como professora de Língua Portuguesa, todos os anos deparo com situações de alunos que, após um longo período de escolaridade, ainda não sabem ler e escrever de forma efetiva. Diante disso, recorremos à ajuda dentro da escola e, na maioria das vezes, tentam sair do problema revertendo-o como único e exclusivo nosso. A educação de fato só poderá se efetivar em sua pluralidade, com a participação e o compromisso de todos. Isso já era defendido por Paulo Freire. Como haver pluralidade se as reais intenções da escola não condizem com as reais necessidades e direitos de aprendizagem dos alunos e as intenções dos professores e o que eles esperam conseguir?

Lamentavelmente, não há sintonia entre as partes e o que se vê é o alto preço do fracasso que vem se revelando a cada ano, fazendo com que nos sintamos oprimidos dentro do nosso próprio saber e do nosso fazer. Há muitas contradições, mas, diante de todas elas, a mais dolorosa é a de nós nos calarmos diante dos absurdos que descortinam a nossa frente. Professor é aquele que acredita que ainda há algo a fazer, que ainda há o possível diante do impossível. Na há realidade impossível de ser alterada. Cabe-nos convocar os alunos a também refletir e redirecionar os passos para outras realidades.

O planejamento deverá ser necessariamente pautado no resgate dos excluídos por meio da capacidade de ler o mundo e fazer dele um lugar em que a educação se efetive como prática de se fazer da linguagem um instrumento de poder e de transformação social. Ter domínio da linguagem e usá-la sem medo da opressão faz muita diferença, pois língua é sinônimo de mudança, interação e transformação. Queremos a transformação necessária e fundamental para que frase como esta não se repita: - “É péssima a qualidade do nosso ensino.”

E, para tanto, o primeiro passo é a conscientização de que temos que admitir que esse é um fato que diariamente ronda os pensamentos daqueles que estão insatisfeitos com a real situação da educação. Mas há muita gente no meio educacional que insiste em mascarar a realidade, e isso só evidencia a estupidez de que há muita gente atuando na educação, que jamais teria mérito para estar lá.. E são pessoas assim que, lamentavelmente, têm contribuído para que cada vez mais a educação se afunde em nosso país.



Edinília Nascimento Cruz